O QUE É O XADREZ?
1- CARACTERIZAÇÃO
Um jogo de mesa, cuja base material - um tabuleiro quadrado (8x8) com 64 casas escaqueadas, sobre as quais dois competidores movem cada um alternadamente, um conjunto colorido de 16 peças de 6 tipos diferentes - é o cenário para um confronto de habilidades mentais (intelectuais + emocionais), onde se procura impor ao oponente a melhor das estratégias possíveis, alcançando uma situação específica vitoriosa, à semelhança de uma guerra, mas justa e regulada, chamada XEQUE-MATE! (O Rei derrotado!)
O xadrez é considerado uma elevada criação do gênero humano, mesmo que voltado para o prazer lúdico (jogo = brincadeira = esporte), e que se difundiu desde sua debatida origem (China, século III A.C. !? ou Índia, século IV, de nossa era) por praticamente todas as culturas e países do mundo inteiro.
Em seu aspecto formal, o xadrez liga-se à ciência por empregar o método e o pragmatismo científico em seu estudo técnico bastante rigoroso; une-se igualmente à arte, devido ao valor e impacto estético originais derivados do esforço de se "jogar bem e bonito" e de seu inerente desafio de criatividade; e ,por fim, também ao esporte no sentido lato por envolver dois adversários em luta direta a partir de condições iguais, sob regras previamente definidas e que medem entre si, e ante os demais, certas habilidades típicas. E o xadrez ainda dispensa a exigência de qualquer biotipo físico (!?), não valorizando a priori qualquer competidor por ser naturalmente mais rápido, mais alto, ou mais forte do que outro concorrente.
O razoável significado cultural do xadrez pode ser apreciado quando observamos sua freqüente utilização em variadas modalidades artísticas. Na literatura em geral, e tendo sido usado também no cinema, no teatro e na música, além do emprego de seu intrigante simbolismo nas artes plásticas como a pintura e a escultura, o xadrez também tem sido a inspiração de campanhas de propaganda e marketing de todo tipo. E também já se entranhou no jargão popular com expressões como: "Agora, ele está em xeque!" Ou, "ele tomou xeque-mate!".
O mais famoso aforismo a tentar explicar o contínuo fascínio do jogo dos dois reis, provém de um grande jogador do século passado, médico de profissão e eminente didata, Siegbert Tarrasch. Ele disse, com profunda propriedade: "O xadrez, como a Música e o Amor, tem o poder de fazer os homens felizes!". E, com isso, a nossa verdade básica, qualquer enxadrista concordará!
2- ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ESPORTIVA DO XADREZ
a) Clubes exclusivos de xadrez, departamentos de xadrez em clubes esportivos ou recreativos e entidades classistas, núcleos em escolas, empresas e outras instituições compõem a base da população de aficionados e praticantes do jogo.
b) Os clubes reunidos formam federações regionais. Essas criam federações nacionais que se ligam, por sua vez, a um organismo internacional. No caso de São Paulo e do Brasil, teríamos:
-FPX - Federação Paulista de Xadrez.
-CBX - Confederação Brasileira de Xadrez.
-FIDE - Federation Internationale de Echécs.
c) No início do ano de 2001 a FIDE congregava 159 países-membros, representados por suas federações nacionais. Somente a Federação Internacional de Futebol (FIFA) supera esse número de países filiados, efetivamente envolvidos em torneios de âmbito mundial.
3- ESTRUTURA ESPORTIVA DO XADREZ
* Os torneios de xadrez são realizados a partir dos níveis mais inferiores das células esportivas - os clubes e as federações - distribuídos por categorias técnicas e de idade. Em grande número de eventos há distinção de sexo apenas em um sentido: existem torneios femininos nos quais não se admite competidor homem, mas o contrário é permitido, já que os certames masculinos são definidos como absolutos e liberam a inclusão de mulheres, desde que preencham os requisitos técnicos de qualificação ou classificação.
* As provas de categorias distinguem os competidores pela sua força técnica (Classes A, B. C,...; Mestres, Candidatos a Mestre, etc. ...) e as por idade separam as faixas etárias, havendo desde a Mirim (menos de oito anos) até Seniores e Veteranos, passando pela escala de Cadetes, Juvenis, Jovens e outras. Atualmente, como reflexo dessa distribuição, há provas nacionais, continentais e mundiais de quase todas essas categorias por idade, tanto absoluto (masculino) quanto feminino.
* Há títulos de graduação e carreira, além dos obtidos em torneios oficiais. Tradicional e oficialmente se atribui o título de Mestre Nacional (MN) ao jogador que alcança o primeiro nível em seu país, e de Mestre FIDE (MF) àquele que atinge uma projeção maior e certa graduação no "Rating" Internacional. E, assim, progressiva e hierarquicamente, seguem-se os títulos de Mestre Internacional (MI) e Grande Mestre Internacional (GMI). O título máximo absoluto e individual é o de Campeão Mundial, que registra uma longa e prestigiosa tradição de quase 135 anos!
* O confronto regular dos melhores do ’ranking’ e daqueles registrados com "Rating ELO"(uma indicação numérica do desempenho de cada jogador usada desde 1972) é mantido com a realização de torneios locais e muitos certames internacionais de prestígio técnico, concretizados com patrocínios privados, sendo seus resultados reconhecidos pela FIDE.
* Campeonatos Nacionais. O Brasil realiza regularmente um dos eventos de âmbito nacional mais antigos entre todos os países, com quase 70 edições, desde o primeiro em 1927.
* Ciclo do Campeonato Mundial Absoluto. Organizado para apontar o melhor jogador do mundo.
* As Olimpíadas de Xadrez, denominadas também de Torneio das Nações, reúnem equipes nacionais absolutas e femininas para um certame gigante realizado a cada dois anos. Na última edição, Istambul, Turquia 2000, tivemos os seguintes números:
Absoluto: 126 países, com equipes formadas por 4 titulares e dois reservas.
Feminino: 86 países, com equipes formadas por 3 jogadores e uma reserva.
Foram 14 rodadas distribuídas no curto intervalo de 16 dias.
Nos anos ao longo da última década, o número de equipes cresceu em ambos os grupos, com destaque para o contingente feminino que subiu de 50 equipes em 1988 e 65 em 1992 para o atual recorde de 86!?
Por sua dimensão global, freqüência (a cada dois anos) e número de participantes (126 países, mais de1100 competidores), a Olimpíada de Xadrez é efetivamente o maior evento esportivo de apenas uma modalidade em todo o mundo, apesar do jogo não ser considerado de "apelo comercial"!?
* Os chamados ’Torneios Abertos’ são um meio prático, ainda que exaustivo, de propiciar que um bom número de jogadores, às vezes centenas deles(!), disputem seguidas partidas em poucos dias com oponentes de força variada, concorrendo a prêmios ocasionalmente bem elevados.
* Dentre as modalidades mais populares do jogo é forçoso mencionar a paixão universal pelo ’Relâmpago’ (ou ’Ping’ ou ’Blitz’), um tipo de partida disputada "à jato", com cada jogador dispondo no máximo de 5 minutos para concluí-las. Há também o muito apreciado sistema de ’Xadrez Rápido’, cada vez mais popular, no qual os competidores começam com um tempo variável entre 15 e 30 minutos, cada um, para finalizar o jogo.
4- ALGUMAS CARACTERÍSTICAS ESPORTIVAS DO XADREZ
1. Igualdade entre os sexos
O jogo dos dois reis constitui uma modalidade esportiva original e marcante, mesmo além de seus atributos internos, por permitir a plena e justa competição entre homens e mulheres(!). Somente no xadrez ,e em mais nenhum outro esporte, uma mulher pode se tornar Campeão Mundial Absoluto! Não há nenhuma limitação de ordem legal ou esportiva para bloquear tal possibilidade, que sequer pode ser imaginada em esportes convencionais.
2. Longevidade
Xadrez é o esporte que também propicia a prática mais longeva e duradoura para qualquer um, não significando a idade avançada um sinônimo automático de exclusão e decadência sobre o tabuleiro de luta. De fato, devemos enfatizar que a participação dos "super-experientes" na contínua elaboração da teoria do jogo jamais se vê limitada pelo avançar dos anos...bem ao contrário. E exemplos históricos de êxito prático para corroborar tal condição também não faltam.
Emmanuel Lasker, no Torneio de Moscou 1935, facilmente o mais categorizado evento daquele ano, classificou-se em 3º lugar, invicto depois de 19(!) partidas e somente meio ponto atrás de Botvinnik e Flhor. Ele tinha "apenas" 67 anos. Outro campeão mundial, V. Smyslov, manteve-se em atividade até seus 72 anos, com respeitáveis resultados, entre os quais sobressai a façanha de decidir a final do Torneio de Candidatos de 1984 com G. Kasparov, que tinha apenas 21 anos!. O vencedor enfrentaria o campeão mundial da época, A. Karpov. Smyslov perdeu o confronto mas, aos 63 anos, superou todos os demais pretendentes daquele ciclo; 4 anos depois, no Campeonato Soviético de 1988, um certame monumental em número e qualidade de jogadores, ele terminou em nono lugar tendo disputado 17 rodadas. Nessa ocasião, com 67 anos, empatou suas partidas com os dois ganhadores do campeonato, Kasparov e Karpov. Outros colegas e rivais de geração de Smyslov, como M. Najdorf e S. Reshevsky mantiveram-se na arena dos torneios bem concorridos até idades ainda mais avançadas, já que Reshevsky, por exemplo, participou dos chamados Opens, torneios tipicamente tensos e exigentes, realizados muitas vezes com centenas de competidores, mesmo quando comemorou 80 anos!! Atualmente, V. Korchnoy é o exemplo marcante de apetite insaciável e de competidor engajado e vencedor, ainda incluído seguidamente na listagem dos 30 melhores do mundo, chegando a disputar até 16 torneios e 100 partidas oficiais por ano! E ele é um veterano...por sinal, acaba de comemorar seus 70 anos (abril de 2001) participando de um desafio em ’Xadrez Rápido’ (uma modalidade que exige muita agilidade e energia) com, entre outros, os dois melhores jogadores do mundo no presente: Kasparov e Kramnik!
3. Precocidade
Sem criar contradição com o aspecto realçado acima nego que, de modo algum, nosso jogo seja uma atividade típica para idosos e que sua imagem esteja marcada pela primazia dos que já vivem, ou viveram, na chamada terceira idade. De fato, no xadrez se destaca vividamente, da mesma forma que na música e na matemática, o surgimento regular de "menino(a)s-prodígio" verdadeiros. Desde o tempo de P. Morphy, no século 19, até os dias atuais em que garotos de 13 e 14 anos já integram o ranking dos 100 ou 200 melhores jogadores do mundo, o jogo nunca deixou de ter novíssimos talentos revelando-se precocemente, e chegando à adolescência já como um potencial campeão do mundo ou, pelo menos, a garantia de uma destacada carreira entre os melhores no futuro imediato. E desde cedo enfrentando e vencendo adversários muito maiores e mais experientes do que eles. É fácil inclusive compor uma lista apenas nesse último século: do cubano Capablanca e do polonês Reshevsky (esse, aos 11 anos dava simultânea para 30 adversários que estudavam na academia militar norte-americana de West Point) no início do século XX, passando pelo espanhol Arturo Pomar e pelo americano Bobby Fischer e pelo brasileiro "Mequinho" (Henrique Mecking venceu o campeonato nacional aos 13 anos, um feito ainda impressionante por qualquer padrão de medida!), até encontrarmos nas duas últimas décadas e meia uma verdadeira série seqüencial de prodígios cada vez mais jovens e competentes como o azerbaidjano G. Kasparov ( o mais jovem campeão mundial da história, com 22 anos!?) e o inglês N. Short, os húngaros Judith Polgar e P. Leko, o russo W. Kramnik e o francês E. Bacrot, e os novíssimos Bu-Xiang-Zi, da China e o compatriota de Kasparov, T. Radjabov. Vejam uma escala do que poderíamos imprecisamente chamar de "evolução histórica": ao final da década de 1950, Fischer havia se tornado o mais jovem GM da história, ao conquistar o título com pouco mais de 16 anos. Desde então, esse recorde foi batido por Judith , Leko e Bacrot, além de ter sido rebaixado para pouco mais de 13 anos, quando o super-prodígio vindo do oriente, o chinês Bu, provou que o limite inferior ainda não está bem definido...Reparem, de passagem, na variedade de origem geográfica de todos os prodígios citados...Sim! Xadrez ecumênico!
De todo modo, o mais importante nesse processo não é a "corrida para o berço", em busca de ainda novos e mais tenros prodígios, e sim a comprovação de que o xadrez continua a atrair e encantar as crianças de hoje, mesmo sendo uma criação de mais de 1500 anos de existência! Não podemos esquecer que o xadrez também é um brinquedo e como tal não poderia deixar de fascinar os mais jovens e que são naturalmente muito curiosos e inteligentes...Enfim, xadrez não separa ninguém pela idade; e em qualquer época e cada um a seu tempo, jovens e velhos têm compartilhado sempre o mesmo frescor de descoberta emocionante e fruição perene que nosso jogo proporciona.
5- VALOR EDUCATIVO DO XADREZ
* Um grande número de habilidades mentais específicas (imaginação, memória, pensamento lógico, reconhecimento de padrões, visualização, etc. ...) e gerais (perseverança, capacidade de estudo, auto-conhecimento, organização pessoal, motivação e ambição, etc. ...) deve ser aprimorado para propiciar algum sucesso especial ao jogador de xadrez engajado. Manejar tantos aspectos psicológicos e qualidades básicas do caráter constitui um verdadeiro projeto de "construção do indivíduo e do esportista" dentro de uma pessoa! Esse é um longo e complicado processo e que começa bem cedo na vida de qualquer um! Daí, a importância da educação e, nesse sentido, os jogos podem ser ótimas ferramentas em busca de um objetivo maior.
* A análise, a prática e o ensino do xadrez predispõe à previdência, ser zeloso com cada decisão e compromisso assumidos e ao exercício do cálculo antecipado de possibilidades, clarividência. Muitos pedagogos acreditam que uma parcela dessas qualidades possa ser transferida e usada em outros campos de atividade, ou na vida do jogador, de uma forma geral.
* Xadrez exige e cobra intensa concentração e trabalho cumulativo em bases culturais, o que implica lidar com técnica histórica comparativa, informação classificada e criticada e constante reinterpretação. Quem deseja evoluir, deve prestar atenção na contribuição histórica e no trabalho alheio. E repartir o próprio! Portanto, a palavra-chave é integração.
* O jogo apresenta-se como um elaborado modelo para exercício de racionalidade e percepção conceitual, constituindo-se também como um perfeito "laboratório" para projetos de informática. Historicamente, desde a elaboração moderna de seus princípios, em fins da década de 1940, a Informática tem usado o xadrez como uma medida prática de programas simularem e usarem algo próximo e similar à inteligência humana. Claude Shannon, Alan Turing, Ken Thompson, e outros nomes referenciais neste campo, sempre trabalharam com projetos que contemplavam o uso de aplicativos para jogar xadrez e, assim, avaliar o quanto da pesquisa em programação avançava na direção do objetivo destacado de criar um "programa inteligente".
* O xadrez tem sido considerado como o modelo lógico de base matemática mais revelador dos complexos processos mentais que cercam a criação intelectual humana. São "relações cruzadas" que incluem aspectos racionais, artísticos e afetivos e que, geralmente, estão presentes em processos similares da vida de todo mundo. Conhecer xadrez é um desafio dialético (leis, princípios, normas e sua oportuna negação e superação) servindo sua investigação como proposta de estudo da intelectualidade e racionalidade humanas. Alguns projetos de pesquisa médica clássica e moderna buscaram descobrir as qualidades especiais do enfoque de um enxadrista e estabelecer um método de comparação de características psicológicas de quem o pratica, discriminando e explicando seu funcionamento. De forma muito genérica e incipiente, os autores dessas pesquisas consideravam que o porque de um enxadrista ganhar ou perder uma partida, poderia levá-los a explicar parcialmente, o porque de uma pessoa "ganhar ou perder na vida", em qualquer campo de atividade. A psicologia esportiva de hoje e a chamada Neurolingüística fazem considerações semelhantes e, para tais objetivos, o xadrez continua sendo um excelente "laboratório".
* Pedagogicamente, o xadrez é estimado em elevado conceito, fazendo parte do currículo escolar básico e de aprimoramento complementar em dezenas de países. Muitos programas oficiais, acionados tanto por instituições estatais como privadas, indicam que o jogo estimularia a atenção e favoreceria a concentração de modo geral. Acredita-se também que a atitude introspectiva que o xadrez gera, levaria a criança a se avaliar ante tudo na vida e considerar as conseqüências de seus atos, adquirindo consciência de responsabilidade e causalidade (causa e efeito). Países tão diferentes como Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, Cuba, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Islândia, Israel, Polônia, República Checa, Suécia, Tailândia, , Rússia e países vizinhos que compunham a URSS, registram experiências muito positivas com projetos vastos ou restritos de ensino de xadrez nas escolas. E também empregam o jogo na educação e entretenimento de deficientes físicos (surdos, paraplégicos e até cegos!!) e mentais, bem como em asilos, penitenciárias e instituições de apoio ao menor carente e abandonado.
6- PROMOÇÃO E COMUNICAÇÃO DO XADREZ
I - Meios Clássicos
O noticiário dos eventos esportivos, o registro das partidas e a crítica de importância técnica são transmitidos por uma vasta rede editorial específica, estruturada na forma clássica de revistas, jornais, boletins e livros de xadrez. Para oferecermos uma idéia da dimensão dessa estrutura e de quanto se veicula xadrez, basta dizer que a literatura do jogo (somente livros!?) é muitas vezes maior que a reunida por todos os demais esportes juntos!? E há ainda que contar as colunas de xadrez diárias e semanais nos jornais, seções específicas em revistas, em publicações classistas, em folhetos de clubes e departamentos e como encarte em outros tipos de publicação. Historicamente, xadrez cresceu com a difusão do livro. Um levou o outro junto! Existem também programas de televisão regulares e especiais em muitos países e mesmo programas de rádio divulgam não apenas resultados, mas também partidas, entrevistas, reportagens e comentários técnicos.
II - Internet
O xadrez contemporâneo, refletindo sua maleabilidade multimilenar, adaptou-se com entusiasmo ao surgimento e crescimento da Internet. De fato, o novo meio tem se mostrado como ideal para o acompanhamento instantâneo dos eventos, para o aprendizado técnico, e a pesquisa geral e curtição infinita do jogo de xadrez. Com os grandes torneios e eventos promocionais tendo cobertura com imagens ao vivo, comentários "online" por outros grandes jogadores convidados, salas de bate papo, bancos de dados para pesquisa pertinente (partidas dos participantes, dados biográficos, estatísticas, etc. ...) e outros instrumentos criados para a Internet (como os "Clubes Mundiais", nos quais um jogador pode enfrentar um "oponente virtual" localizado fisicamente muito distante, em qualquer lugar do globo!), tanto o aficionado quanto o profissional vivem e usam hoje um verdadeiro "paraíso digital" do xadrez, já que cobrem o mundo inteiro, ao toque de um clique e na hora em quiserem! Some-se a isso a utilização de programas específicos para gerenciamento de partidas (bancos de dados) e análise técnica ("oráculos de silício") e vemos que a Informática e a Internet são a nova expressão do jogo, sem deslocar ou substituir os meios clássicos. Nessa sinergia do livro com o " bit", o xadrez, cujo apelo comercial direto é obviamente restrito, tem tido a seu dispor um meio fabuloso e proporcionalmente muito barato para sua divulgação, comunicação interna e reelaboração contínua. E nós o usamos intensivamente e com grande criatividade, alargando ainda mais essa comunidade universal dos enxadristas. Para ilustrar a inserção do xadrez na ’WEB’, basta citar que tanto os grandes portais de notícias, como Yahoo no exterior e UOL no Brasil, como provedores do porte do mesmo UOL e AOL (American On Line) dispõem de seções ou clubes de xadrez online e que o tema ("chess") quando pesquisado em qualquer mecanismo de busca, dá como retorno um verdadeiro mundo-novo de informação sobre o jogo.
Enfim, a Informática é a nova ferramenta do jogo e a Internet a mais nova fronteira sem limite da expressão do xadrez!
7- CONCLUSÃO
Essa "radiografia" do xadrez constitui apenas um retrato imperfeito da realidade do jogo-arte e enfoca, de modo breve, alguns de seus aspectos externos e relacionamentos sociais e culturais. Mesmo assim, torcerei para que ela permita uma apreciação razoavelmente fiel e digna desse mundo vasto e fascinante, também cheio de aventuras, muito mais "radical" do que sua aparência insinua, marcado pelo desafio e o prazer do conhecimento e da competição. O xadrez é um espelho do homem e de sua história, sendo acessível a todos, e é um convite permanente a nossa própria revelação como seres humanos criativos há mais de um milênio e meio em todos os cantos de nosso planeta. "O que é o xadrez? O que é a vida?"- Califa abácida de Bagdá Harun Al Rachid (766-809).
O convite foi feito e a porta desse mundo está sempre aberta...Por favor, entrem! Tenho certeza de que vão gostar!
Grande reino e vida longa para o jogo dos dois reis!!